VÍDEO: Silas Câmara declara apoio a David Almeida após contrato de R$ 3 milhões

O presidente da Frente Parlamentar na Câmara Federal, deputado Silas Câmara (Republicanos/AM), declarou apoio ao prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), nessa quinta-feira, 17, após o Instituto Bíblico da Assembleia de Deus no Amazonas (Ibadam), da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Amazonas (Ieadam), da qual ele é liderança, firmar contrato de R$ 3 milhões com a Prefeitura de Manaus.

O anúncio põe fim à divergência entre Silas e o irmão dele, Jônatas Câmara, presidente da Ieadam, ocorrida no primeiro turno do pleito, quando Silas apoio o deputado Roberto Cidade (União Brasil) e Jonatas ficou com David. A manifestação pública de apoio dos irmãos Câmara ao prefeito de Manaus ocorreu em evento político realizado no espaço Via Torres, na Zona Centro-Sul da cidade.

Direcionando-se para o público evangélico no evento, Silas Câmara pergunta sobre o comprometimento do eleitorado com o prefeito no segundo turno: “O David pode ou não pode contar conosco?”, questiona, que recebe uma resposta positiva da plateia. Neste momento, David e aliados, além de pastores, estão no palco com as mãos estendidas para o alto, em uma cena que se assemelha a um culto evangélico. Assista a seguir.


Em setembro de 2023, a Prefeitura de Manaus alugou prédio do Ibadam pelo valor global de R$ 3 milhões, a ser pago em cinco anos. A contratação foi feita pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), administrada pela irmã do prefeito, Dulce Almeida, coordenadora da campanha eleitoral dele à reeleição.

O imóvel fica localizado na Avenida André Araújo, nº 1.188, bairro São Francisco, Zona Sul de Manaus. Em 2012, o espaço funcionava como o Instituto de Educação Boas Novas, depois virou o Núcleo de Práticas Multidisciplinares da Faculdade Boas Novas. O lugar é utilizado pela Semed como Centro Municipal de Educação Especial.

O contrato deve ser concluído apenas em 2028, com a finalidade de “funcionamento de uma unidade de ensino na modalidade de Ensino Fundamental“. O custo mensal da locação é de R$ 51.100, pagos ao longo do acordo.

Convocação aos evangélicos

Em uma carta aberta direcionada a pastores e integrantes da Assembleia de Deus no Amazonas, o pastor líder da Ieadam, Jonatas Câmara, pede que os fiéis multipliquem votos, ajustem foto nas redes sociais e distribuam material de campanha de David Almeida. A orientação é assinada por Jonatas e pela esposa dele, a missionária Ana Lúcia Câmara.

“Nesse momento, seguimos unidos em busca de proteção da nossa cidade, que tem uma administração desafiadora, mas é muito preciosa e amada. Não podemos em hipótese alguma arriscar nesse desafio”, diz trecho da carta.

O comunicado da Ieadam convoca, ainda, os fiéis da Assembleia a participar de evento de apoio à candidatura de David Almeida, intitulado pela instituição de “Clamor a Deus por Manaus e Fortalecimento Mútuo”.

A Ieadam é considerada uma das maiores redes cristãs do Amazonas, com mais de 1.800 congregações no Estado, sendo 320 igrejas somente em Manaus. 

Abuso de poder religioso

A prática adotada pela Iedam tem semelhanças com o caso do deputado estadual Fábio da Silva Francisco (UB), cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) por abuso de poder religioso com repercussão econômica nas eleições de 2022.

A Corte entendeu que Fábio Silva promoveu a própria candidatura na condição de apresentador, diretor e sócio da Rádio Melodia (FM 97,5), uma emissora evangélica. Segundo o processo, o então deputado estadual e candidato à reeleição esteve presente no púlpito da igreja em pelo menos dois eventos do “Culto da Melodia”, para possivelmente fazer discurso político e distribuir material de campanha.

Nas redes sociais, a divulgação alcançou 1,5 milhão de seguidores. Os fatos ocorreram em setembro de 2022. Em 2020, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a criação da figura do abuso de poder religioso por entender que já existem mecanismos suficientes para enquadrar abusos em eleições de instituições religiosas.

Apesar de não ter sido regulamentado, a prática de abuso de poder religioso pode ser enquadrada, quando as circunstâncias permitem, em conduta de algumas formas de abuso já existente, como o político e o econômico.

Fonte: Cenarium

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