VÍDEO: Saiba como funcionava banco criado por facção para lavar dinheiro do tráfico no Pará
Após uma longa investigação, a Polícia Federal deflagrou no começo de abril uma operação para desarticular um grupo criminoso responsável por criar um banco para lavar dinheiro do tráfico internacional de drogas no Pará. Segundo a corporação, o First Capital Bank surgiu em 2020 e foi descoberto por meio de denúncia anônima em 2022.
A operação ocorreu em sete estados e no Distrito Federal, tendo como resultado 12 pessoas presas, apreensão de dinheiro vivo, carros de luxo, joias e computadores, em São Paulo. A Justiça Federal determinou a suspensão das atividades do banco e o bloqueio de valores nas contas da empresa.
Como funcionava o esquema de tráfico internacional de drogas
Uma denúncia anônima, de julho de 2022, levou os policiais a um sítio em Curuçá, no Pará, onde foi encontrada mais de uma tonelada de cocaína. Duas pessoas acabaram presas em flagrante, e celulares foram apreendidos.
A apuração do caso apontou que os criminosos contratavam pescadores locais para transportar cocaína em barcos pesqueiros, que eram adaptados com um fundo falso para esconder a droga até chegar ao litoral, de onde seria enviada para a Europa e a África. O dinheiro da venda da carga era lavado no First Capital Bank. Os investigadores também descobriram que os donos captavam pessoas físicas e jurídicas, muitas delas laranjas e empresas de fachada, para fazer movimentações financeiras milionárias.
Quem eram os responsáveis
Lucas Gonçalves, delegado da Polícia Federal do Pará, cometa que houve uma movimentação financeira superior a R$ 50 milhões entre os anos de 2022 e 2023.
Documentos apontam que Regiane Pereira de Oliveira é a sócia majoritária do banco; Nelson Piery da Silva e Nailton Rodrigues Coelho são sócios da empresa e se apresentam como operadores do mercado financeiro. Nailton foi preso. Nelson Piery e Regiane são considerados foragidos.
Banco sem autorização
O falso banco tinha site na internet, páginas em redes sociais, foi registrado na Junta Comercial de São Paulo, e até consta como empresa ativa na Receita Federal, mas não como instituição financeira. O Banco Central informou que o First Capital Bank nunca foi autorizado a funcionar e a Federal Brasileira de Bancos disse que ele não é cadastrado no seu sistema.
Segundo a PF, não há como afirmar se toda a carteira de clientes sabia que o First Capital Bank era controlado por traficantes e que possíveis clientes devem se manifestar nos próximos dias, já que as atividades da empresa foram suspensas. A investigação, agora, caminha para tentar entender de onde saíram os recursos e a ideia para a criação do banco do tráfico e a cooptação dos envolvidos nela.
Rota do tráfico
Segundo a PF, as regiões do Pará próximas do litoral são locais estratégicos para o tráfico internacional de drogas, pois o estado fica próximo a países produtores de cocaína, como Colômbia e Bolívia, e tem uma costa com mais de 550 km contendo várias rotas de escoamento de drogas, seja por terra ou pelos rios. A polícia também aponta que cidades pequenas, como Curuçá, estão constantemente no radar de quem é responsável pela distribuição dos produtos. Nessas regiões, os barcos conseguem fugir da fiscalização de portos legalizados e trafegar pelo interior do estado com mais discrição.
VEJA VÍDEO: