VÍDEO: Dois anos após o 8 de Janeiro, governo reintegra 21 obras vandalizadas por golpistas
O governo federal reintegrou ao acervo da Presidência da República, nesta quarta-feira 8, as 21 obras de arte depredadas por manifestantes golpistas. A data marca os dois anos dos atos antidemocráticos na Praça dos Três Poderes.
Na cerimônia, que contou com a presença do presidente Lula (PT), da primeira-dama Janja e de autoridades que participaram do processo de restauro do acervo, foram reintegrados itens como um relógio pêndulo do século XVIII e um quadro de Di Cavalcanti.
Janja discursou para os presentes e destacou que a data serve para “celebrar e reforçar a democracia, e para entregar ao povo brasileiro o seu patrimônio inteiramente restaurado”.
Um dos órgãos que participou do restauro foi o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), cujo presidente, Leandro Grass, destacou que foram investidos 2 milhões de reais no trabalho.
Segundo ele, o processo também tornou possível o acesso de alunos da rede pública de ensino a ações de educação patrimonial. Além disso, um livro sobre o trabalho de recuperação também foi produzido.
Para ele, “essa importantíssima entrega se soma aos mais de 370 milhões investidos no Patrimônio Material e Imaterial nesses primeiros dois anos do governo”.
Obras entregues.
Parte dos trabalhos também foi conduzida pela relojoaria suíça Audemars Piguet, que chegou a financiar os custos de mão de obra. Para isso, foi realizado um acordo de cooperação do governo federal com o governo da Suíça.
No evento de hoje, o embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, esteve presente e destacou a parceria entre os países. “A restauração foi complexa. Precisou da excelência, mas, também, da criatividade e do jeitinho suíço-brasileiro”, sintetizou.
“Acho que é fundamental valorizar e cuidar das nossas relações, da nossa amizade, dos nossos direitos humanos e das nossas democracias, que são delicadas e, ao mesmo tempo, resilientes como esse relógio que volta aqui, hoje”, afirmou.
A restauração da peça exigiu mais de mil horas de trabalho, segundo o embaixador, o que implicou no treinamento de profissionais que, daqui em diante, farão a manutenção do relógio.
Outro item relevante restaurado foi o quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti. Os extremistas que invadiram as sedes dos Três Poderes fizeram sete perfurações na obra, que, agora, volta ao terceiro andar do Planalto.
A professora da Universidade Federal de Pelotas, Andréa Bachettini, que coordenou o projeto de restauração, discursou no evento de hoje e disse que o trabalho na obra de Di Cavalcanti foi um dos mais simbólicos.
“Após a restauração, os danos ficaram imperceptíveis pela parte da frente, mas pelo verso a gente consegue ver as ‘cicatrizes’, as marcas dos rasgos. A gente não podia esconder”, disse a coordenadora.
Agora, as peças restauradas deverão ser distribuídas. Parte delas ficará no Palácio do Planalto, enquanto outras irão para o acervo do Palácio da Alvorada.
Fonte: Carta Capital