“Sem justiça financeira, não há justiça climática possível”, destaca Lula

Dubai — Ao discursar na reunião do G77 + China sobre Mudança do Clima, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu o aporte financeiro a países de baixa e média renda, para que os planos de adaptações climáticas possam ser cumpridos. O grupo abriu os debates deste sábado (02/12), na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Para Lula, os custos das transições de países desenvolvidos estão sendo transferidos para o sul global, que além de não ter fôlego financeiro para implementar os planos de adaptações climáticas, ainda são os mais afetados pelas mudanças do clima. “Estamos sendo duplamente punidos. É questão de justiça climática que aqueles que mais contribuíram para o aquecimento global arquem com sua responsabilidade”, afirmou.

Na avaliação do presidente é necessário promover fluxos contínuos de recursos para países de baixa e média renda, para resolver o problema de endividamento, em particular os países do continente africano. “Países em desenvolvimento vão precisar de quatro a seis trilhões de dólares ao ano para implementar suas contribuições nacionalmente determinadas e planos de adaptações”, afirmou.

Lula destacou ainda que é preciso reavaliar as abordagens financeiras mundiais e os mecanismos de financiamento climático concedidos aos países em desenvolvimento.

“Não podemos fugir do debate da reforma do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Os mecanismos de financiamento climático e ambiental não podem reproduzir a lógica estridente dessas instituições. Os quatros maiores fundos ambientais possuem um saldo de US$10 bilhões de dólares, mas países em desenvolvimento não conseguem acessá-los por empecilho burocrático”, disse.

Durante seu discurso, o presidente do Brasil também aproveitou para falar sobre a importância de se buscar a paz mundial e lembrou que a guerra traz apenas mortes, ressaltando o que ocorre hoje na Faixa de Gaza, no Oriente Médio. “Não posso deixar de usar esse momento para falar de paz. Enquanto nós estamos discutindo a questão ambiental, temos uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e uma guerra insana entre Israel e a Palestina. Estamos tentando salvar o planeta para que a gente viva em paz. Vamos salvar vidas, ao invés de destruí-las”, ressaltou Lula.

O G77 + China é o maior bloco de países em desenvolvimento dentro da Organização das Nações Unidas (ONU) e tem hoje 134 membros. O grupo mantém o nome original por questões históricas.

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