Polícia prende influenciadores envolvidos com o ‘Jogo do Tigrinho’ no Pará

Sete pessoas supostamente envolvidas em um esquema de jogos de azar na internet, conhecido como “Jogo do Tigrinho”, foram presas na manhã desta segunda-feira (18) na operação “Truque de Mestre”. A movimentação financeira de um dos investigados chegou a mais de R$ 20 milhões, segundo a polícia.

Foram seis prisões no Pará e uma em Pernambuco.

Quatro mandados de prisão foram cumpridos em Belém; um na cidade de Bragança, nordeste do Pará; outro em São Francisco do Pará – que foi levado para a cidade de Castanhal -, e um em Recife (PE), onde uma investigada desembarcava para fazer lançamento de plataforma de jogo de azar.

Os presos são todos influenciadores digitais que somam cerca de 300 mil seguidores nas redes sociais. Eles utilizavam as redes sociais para divulgar jogos de azar, segundo o delegado Daniel Castro, da Diretoria de Polícia Metropolitana (DPM) na Polícia Civil do Pará.

“Os investigados se valiam da condição de influenciadores digitais pegando capilaridade que têm para transformar a vida de ostentação em lucro, divulgavam através de uma plataforma conhecida como Tigrinho, faziam jogos online que a banca sempre ganhava. Eles sempre ganhavam e as pessoas que achavam que iam ganhar só eram lesadas”, ele explica.

Quem são os presos:

Gleison Pereira Soares, conhecido nas redes sociais como ‘Mago das Unhas’

O influenciador possui mais de 100 mil seguidores e diz que é “empresário apostador”. Nas imagens compartilhadas pela internet, ele diz que conquistou a reforma de uma casa, o financiamento de um apartamento, a compra de televisão, uma geladeira e viagens.

Recentemente, Gleidson expôs aos seguidores que estaria se “despedindo dos atendimentos de unhas”. Segundo ele, o motivo seria que, “para a sua segurança, não poderia mais trabalhar na área”.

“Foram 8 anos dedicados a essa profissão, hoje até mesmo pela minha segurança não posso mais realizar esse lindo trabalho. Não é um adeus, talvez um até logo? Não sei ainda”, declarou o Mago das Unhas.

Suzana Karla Melo de Araújo

É mãe de Noelle Araújo, uma das influenciadoras que está sendo investigada por envolvimento no esquema de jogos de azar. Em suas redes sociais, ela também compartilhava os faturamentos e aliciava pessoas a apostarem.

Gessica Meireles Alves

A influenciadora excluiu suas redes sociais após ser presa pela polícia. Ela tinha mais de 30 mil seguidores.

Além de compartilhar os links dos jogos de azar, também mostrava seu dia-a-dia como empresária no ramo de estética e bronzeamento.

Rayssa Natacha Motta Berbary

Possui mais de 110 mil seguidores em uma rede social e sempre compartilha suas participações nos eventos de lançamentos de plataformas de jogos de azar. Na descrição de seu perfil, Rayssa diz que é “50% apostadora e ajudante de ansiosos”.

Jamily de Pinho Ipiranga

A influenciadora possui mais de 100 mil seguidores em suas redes sociais e compartilha frequentemente os possíveis ganhos que realiza com as plataformas de jogos de azar, incluindo gravações de telas com valores altos e a facilidade de como seria possível ganhar.

Ianne Raquel Andrade dos Santos

A criadora de conteúdo tem 18 anos e, segundo seu perfil na internet, atua como modelo fotográfica e blogueira. A influencer tem mais de 120 mil seguidores nas redes sociais e divulga os seus ganhos para eles.

Emily Almeida da Penha

Ela afirma ser produtora de conteúdo em suas redes sociais. A paraense, antes de excluir sua conta, contabilizava mais de 100 mil seguidores. Seu perfil tinha imagens de viagens, compra de carro e links destacados para que o público pudesse apostar.

Investigados

Outras seis pessoas são apontadas pela Polícia como envolvidas, de acordo com a investigação da Polícia Civil do Pará, e estão foragidas.

Um dos foragidos é Noelle Araújo — considerada um dos principais alvo da investigação. A mãe dela, Suzana Carla Melo de Araújo, foi presa.

Os foragidos são:

  • Noelle Maria de Araújo Lopes
  • Ingrid Naiane Silva da Silva
  • Lucas Tavares Lobo
  • Hellen Mayara Oliveira Borges
  • Lorrany do Socorro Almeida de Souza

O g1 Pará está em contato com advogados das pessoas citadas na reportagem — veja ao final o que dizem as defesas de cada um.

Milhões de reais movimentados

Há duas semanas, o Fantástico mostrou que influenciadores chegaram a ser presos por promoverem o “Jogo do Tigrinho”, mostrando que a prática é feita no país inteiro.

O delegado Daniel Castro diz que, no Pará, um dos investigados teve um fluxo de mais de R$ 20 milhões, e que no ato de prisão de um deles, houve a notificação de pix que somou R$ 50 mil.

“No momento que cumprimos um desses mandados chegou a notificação de pix R$20 e R$30 mil para um alvo. Ou seja, num simples movimentar, foram R$ 50 mil reais que entraram hoje”, diz o delegado.

Operação

Segundo as investigações, os influenciadores ganhavam dinheiro para incentivar os seguidores a fazerem apostas em plataformas de jogos de azar, ilegais aqui no Brasil.

As investigações começaram com denúncias de pessoas que foram lesadas e com a identificação de situações percebidas pelos investigadores.

Os investigadores dizem que Gleidson Pereira Soares, que se apresenta como Mago das Unhas, é um dos principais alvos da operação junto com a infuenciadora Noele Araújo.

“Para você ter uma ideia, eles compraram casas de luxo em condomínios de Belém, veículos importados. Só em uma residência que fomos, encontramos roupas, bolsas, acessórios de marca europeias de luxo, caríssimos, originais”, disse Daniel Castro.

“Quem entra nesse jogo nunca ganha. Quando você vai retirar, eles bloqueiam o valor”, disse o delegado Arthur Nobre.

Além dos mandados de prisão, também foram realizados 12 mandados de busca e apreensão, incluindo em uma casa de prostituição na capital, de propriedade de uma das envolvidas.

Policiais quebraram as janelas para entrar. O local seria usado para lavar dinheiro das apostas.

Na operação desta segunda-feira, ainda foram apreendidos cinco carros de luxo, duas motos, aparelhos eletrônicos e documentos que devem subsidiar as investigações.

O que dizem as defesas

O advogado de Géssyka Alves disse que ela não, não sabia que se tratava de uma atividade ilegal. “Acredito que, além dela, muitas outras pessoas são aliciadas pra fazer a divulgação desse tipo de aplicativo”, diz o advogado de defesa Ivan Mello.

Já a defesa de Rayssa Berbary disse que sua “cliente não cometeu crime nenhum. A situação será toda esclarecida durante o processo”.

Fonte: G1 Pará

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