PF indicia Louismar Bonates e Ayrton Norte por chacina em Nova Olinda
A Polícia Federal indiciou o ex-secretário de Segurança Pública Louismar Bonates e o ex-comandante da Polícia Militar do Amazonas coronel Ayrton Norte pelo envolvimento em chacina no município de Nova Olinda do Norte (a 130 quilômetros de Manaus), em 2020. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (28) pelo Jornal Nacional.
À época, a SSP-AM deflagrou uma operação com dezenas de agentes na região para localizar os responsáveis pelas mortes dos policiais militares Manoel Wagner Silva Souza e o cabo Márcio Carlos de Souza, no Rio Abacaxis. A ação resultou denúncias de torturas contra comunitários. Cinco pessoas foram assassinadas. Duas estão desaparecidas.
Os agentes assassinados integravam uma tropa enviada pela SSP-AM ao local após o ex-secretário executivo do Fundo de Promoção Social do Governo do Amazonas Saulo Moysés Rezende Costa ter sido baleado enquanto fazia pesca esportiva sem licença ambiental.
Durante as diligências, os PMs acabaram entrando em conflito com comunitários. Dois agentes morreram.
O MPF (Ministério Público Federal) informou, na época, que os PMs não se identificaram mesmo após horas de atuação e abordagem inicial de lideranças extrativistas. Nenhum deles usava uniforme ou outra identificação.
Após a morte dos agentes, a SSP-AM enviou dezenas de policiais para Nova Olinda do Norte.
Ayrton Norte liderou um grupo de 50 homens designados para localizar os autores do atentado contra os policiais.
De acordo com o Jornal Nacional, a Polícia Federal concluiu que a tropa enviada ao local invadiu casas sem ordem judicial, torturou moradores e assassinou cinco pessoas, entre indígenas e ribeirinhos. O grupo também seria responsável pelo desaparecimento de outras duas pessoas.
Para a Polícia Federal, Bonates usou o cargo para “ordenar e viabilizar uma operação de extermínio”, que resultou na chacina, determinando o cometimento de execuções sumárias, torturas e outros crimes hediondos.
Bonates e Norte foram indiciados, entre outros delitos, pelos crimes de homicídio, tortura, associação criminosa, cárcere privado e obstrução.
No mesmo mês da operação, o MPF acionou a Justiça Federal para que a Polícia Federal investigasse as circunstâncias, motivações e potenciais abusos e ilegalidades em operação deflagrada pela SSP-AM no Rio Abacaxis.
Em entrevista ao ATUAL, Ayrton Norte disse que as denúncias de moradores eram “factoides” e “informações desencontradas”.
Fonte Atual