“Nunca estive tão otimista com o acordo União Europeia-Mercosul”, diz Lula

Presidente compartilhou impressões sobre reuniões com líderes mundiais e eventos de que participou nos EUA

Na quarta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou à imprensa um balanço da visita oficial a Nova York, nos Estados Unidos, iniciada no sábado (21). Durante a viagem, Lula discursou na 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) e se reuniu com líderes como os presidentes Emmanuel Macron (França), Pedro Sánchez (Espanha) e Ursula von der Leyen (Comissão Europeia), entre outros compromissos.

“Nunca estive tão otimista com o acordo União Europeia-Mercosul. Ontem, eu disse à Ursula von der Leyen que o Brasil está pronto para assinar o acordo, que agora a responsabilidade é toda da União Europeia e não do Brasil. Porque durante 20 anos se jogava a culpa nos países do Mercosul”, frisou o presidente, na entrevista coletiva.

Lula afirmou que sugeriu que a assinatura do acordo ocorra durante a Cúpula do G20 — grupo que reúne as maiores economias do mundo —, que será realizada nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro, ou em uma reunião na sede da União Europeia.

“Temos muitos outros acordos para fazer. Preciso fazer acordos estratégicos com a Índia, porque é um país muito grande. O nosso comércio bilateral é muito pequeno, se você imaginar as duas economias. Queremos trabalhar melhor a questão da China, da União Europeia, queremos voltar a trabalhar as nossas políticas na América do Sul, na América Latina”, declarou o presidente.

ONU

Sobre a Assembleia Geral da ONU, Lula disse que “a participação do Brasil foi um momento de marcar posição com relação às coisas que estamos reivindicando há algumas décadas. Todo mundo sabe que o Brasil tem falado, insistido e tentado articular com outros presidentes a necessidade da gente renovar as Nações Unidas para que ela possa resolver conflitos que hoje estão simplesmente à deriva, porque não tem governança global no mundo”.

O presidente reforçou que o governo brasileiro defende que todos os continentes estejam representados na ONU, inclusive no Conselho de Segurança, com o fim do direito de veto e elevação do poder de comando da organização. “Se isso acontecer, eu penso que a gente poderia evitar muitos conflitos que tem hoje”, argumentou.

Ministros do G20

Antes da entrevista coletiva, Lula participou de reunião de ministros das Relações Exteriores do G20. Por iniciativa do Brasil, os membros do grupo adotaram o “Chamado à Ação sobre a Reforma da Governança Global”, documento com compromissos de reforma e modernização das principais organizações internacionais, como as Nações Unidas e a Organização Mundial de Comércio (OMC).

Em 2024, o Brasil exerce a presidência do G20 e, segundo Lula, pretende fazer um evento especial. “Não só porque vai ser feito no Rio de Janeiro e, só por isso, já é um pouco especial, mas porque nós vamos ter no dia 16, me parece, um G20 social, em que estão sendo convocadas pessoas do movimento social de vários países. E, depois, acho que vai ter uma participação apenas entre membros fixos e convidados muito importante, porque além de discutir a desigualdade, além de voltar a discutir a convergência da ONU, a questão da transição climática, a gente tem que discutir outros temas que estão na ordem do dia e que não era possível colocar na pauta quando nós fizemos a pauta”, relatou à imprensa.

“Para a minha alegria, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza tem sido um sucesso e, até agora, todos os países que nós temos conversado têm tido a posição extraordinária de aceitar participar dessa aliança global”, disse Lula

O governo brasileiro vai apresentar os exemplos de políticas públicas nacionais bem-sucedidas e também vai estudar iniciativas exitosas de outros países. “Com um conjunto de políticas bem-sucedidas, vamos poder provar que a única possibilidade que nós temos de cumprir essa meta é colocar o povo pobre no orçamento de cada país”, assinalou.

Democracia

Lula também destacou o evento “Em Defesa da Democracia. Lutando Contra o Extremismo”, promovido pelo Brasil em parceria com a Espanha, na terça-feira (24). “Chamei os democratas para a gente discutir onde é que a democracia errou. Porque em algum momento a democracia cometeu uma falha que permitiu que pessoas extremistas e de extrema-direita pudessem questionar a própria democracia, o sistema, uma série de coisas”, comentou.

Participaram do encontro líderes e representantes de Barbados, Cabo Verde, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, França, México, Noruega, Quênia, Senegal, Timor Leste, além do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e do secretário-Geral Adjunto das Nações Unidas, Guy Ryder.

“É uma discussão muito séria, porque eu considero a democracia o sistema de governo mais extraordinário que se inventou, porque somente num processo democrático é que um metalúrgico pode chegar à presidência de um país que é a oitava economia do mundo”, disse o presidente.

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