Uma garota de 15 anos conversa com um homem adulto por meio de videochamada. Ele pergunta para a adolescente se ela já teve um orgasmo. Ela desconversa e diz que vai dormir, que continuam a conversa no dia seguinte. A ligação termina e a menina menor de idade que estava sendo aliciada por um possível criminoso se transforma em Roo Powell, uma mulher de 40 anos cujo trabalho é desmascarar e entregar pedófilos para a polícia.

Nascida em Hong Kong, Powell trabalha nos Estados Unidos como escritora, advogada e fundadora da SOSA (Safe from Online Sex Abuse – Seguro contra abuso sexual online, em tradução livre), uma organização sem fins lucrativos focada na prevenção do abuso e exploração sexual infantil online. Seu trabalho para descobrir possíveis abusadores é retratado na série “A Caçadora de Pedófilos”, com a primeira temporada disponível no Brasil na HBO Max.

Logo no primeiro episódio, “Tudo Importa”, somos apresentados ao importante e árduo trabalho desenvolvido por Powell e sua equipe. Com ela, estão pessoas focadas em modificar fotos — que tornam a advogada 25 mais nova —, em criar histórias plausíveis para adolescentes, em monitorar e alimentar as redes sociais usadas como iscas para pedófilos.

Mesmo com tantas pessoas envolvidas, é Roo Powell quem aparece em frente às câmeras para falar com os homens que tentam se relacionar com meninas menores de idade. No capítulo inicial, Flori (uma das personagens criadas para atrair os criminosos) conversa com um homem que é chamado de Kevin. Ele é pai de 4 filhos e, logo na primeira conversa, brinca que adolescente se tornaria sua “terceira esposa”.

Na produção, é mostrado que o homem fica de cueca durante a videochamada e chega até mesmo a se masturbar enquanto Flori vê. Ele ainda pede para que ela tire a roupa.

A série documental explica que o trabalho da SOSA é identificar possíveis pedófilos e encaminhar seus dados para que as autoridades realizem investigações e possíveis prisões.

“A Caçadora de Pedófilos” foi renovada para a segunda temporada no último dia 24 de março e o anúncio foi feito em meio à recente condenação de Daniel Bowling, um jogador de golfe profissional que aparece durante o segundo capítulo da série. Ele foi condenado a três anos de prisão, seguido de dois anos em liberdade condicional por crimes sexuais.

“Nosso objetivo na SOSA é ajudar a prevenir o abuso sexual online e a exploração de crianças. É preciso mais do que identificar algumas pessoas mal-intencionadas online – é preciso aumentar a conscientização e capacitar uma sociedade para enfrentar juntos a questão dos crimes sexuais online”, disse Powell em entrevista ao Deadline.

“O Sr. Bowling conseguiu passar pelos processos judiciais apropriados e sou grata por haver uma pessoa a menos online visando menores. Esperamos que a reabilitação esteja reservada para ele nos próximos dias e que esta história impeça os possíveis perpetradores de escolherem ferir um menor.”

Esta não foi a primeira vez. Em março de 2021, Cullen Jones, um ex-policial de 45 anos, também foi preso.

Jones acreditava estar seduzindo Alex, uma garota de 15 anos. Em entrevista ao NY Post, Powell relatou que nas primeiras conversas o homem apenas se mostrava com um amigo, mas em seguida começou a contar que tinha problemas com a esposa e passou a elogiar Alex. Até que as mensagens progrediram para outro nível.

“Muitas das coisas que ele disse se tornaram realmente lascivas – ele está falando sobre querer essencialmente tirar a virgindade dela, querer se casar e ter um filho com ela depois que ela se emancipar”, disse Powell.

Após uma semana de conversa, a SOSA conseguiu reunir informações suficientes sobre o ex-policial e descobriu que ele estava aguardando uma sentença por má conduta sexual com uma menor em 2019.

Para prender Jones, Alex marcou um encontro com Jones, que viajou para outra cidade para encontrar a “jovem”, quando polícia o encontrou no caminho. Ele foi preso e condenado a dez anos.

Abaixo, assista, em inglês, o primeiro contato que Bowling fez com Flori.