Jornalistas da Record são suspeitos de desviar R$ 500 mil de doações de telespectadores
O ex-repórter e apresentador do “Balanço Geral”, da TV Record, na Bahia, Marcelo Castro (36), na época seu editor-chefe, Jamerson Oliveira, são investigados por criarem um esquema criminoso que desviou mais de R$ 500 mil em doações entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023. Eles pediam valores para enviar a famílias de crianças que faziam tratamento contra doenças como câncer, hidrocefalia e condições neurodegenerativas.
Um terceiro suspeito é citado no caso, o motorista Lucas Costa Santos, amigo de infância do repórter, que seria responsável por criar chaves Pix que seriam divulgadas no programa. Ele usava dados de sua namorada, duas primas, sua mãe, amigos e conhecidos, que recebiam parta do valor doado. Com informações da Revista Piauí.
No total, a Polícia Civil listou treze casos de pessoas que tiveram seus dramas contados na televisão. Castro pedia doações para enviar às famílias, mas ficava com parte do valor. A corporação pediu o indiciamento dos envolvidos e o relatório que embasou a solicitação diz que não há dúvidas sobre a “prática de crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro”.
O documento ainda afirma que as vítimas do golpe são “pessoas carentes e em condição de vulnerabilidade social” e aponta que devem existir outros “inúmeros casos, ainda não identificados, que possam ter ocorrido ao longo dos meses ou anos”.
Em um dos casos, uma mãe e uma filha entraram em contato com o programa para falar sobre um desmoronamento de terra. Elas foram convencidas a entrar ao vivo com o repórter na atração e solicitar doações para “manter suas despesas”.
Segundo a polícia, foram doados R$ 27,6 mil naquele dia, mas apenas 11% do valor chegou até a família, enquanto Castro e Jamerson ficaram com R$ 9,6 mil cada. Lucas recebeu R$ 4,3 mil e sua mãe, Rute Cruz da Costa, R$ 149.
A TV Record denunciou o caso à Polícia Civil em março de 2023, quando ele estava de férias nos Emirados Árabes. Ele e o editor-chefe foram demitidos por justa causa, e tiveram o sigilo bancário quebrado pela corporação durante a investigação.