Estudante usa inteligência artificial para criar ‘nudes’ de alunas e divulgar nas redes sociais
Um estudante é suspeito de usar aplicativos de inteligência artificial para gerar imagens falsas e forjar ‘nudes’ de alunas de um tradicional colégio particular de Belo Horizonte. Segundo a denúncia, as fotos foram publicadas em uma rede social, acompanhadas de palavras de baixo calão.
As imagens teriam sido montadas com base em fotografias das vítimas em plataformas digitais, assim como ocorreu com a atrizIsis Valverde no mês passado. Um caso similar também aconteceu em uma escola da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Ao menos três responsáveis por estudantes do colégio mineiro registraram um boletim de ocorrência no último dia 17. Elas relataram que o suspeito seria um aluno do oitavo ano da mesma instituição de ensino. As mulheres destacaram aos policiais que as vítimas foram alvo de constrangimento devido ao compartilhamento das imagens na internet.
Ao menos 10 adolescentes foram vítimas do esquema, informou a Polícia Civil. O autor do ataque já foi identificado pelos investigadores. “Com o acionamento da Delegacia Especializada de Apuração de Ato Infracional, o perfil foi retirado do ar”, informou a instituição.
Procurado, o colégio onde estudam os envolvidos na ocorrência, informou está com “diversas ações em andamento, no sentido educativo e disciplinar, dentre os programas já existentes na escola”, em relação ao caso. A direção afirma que acolheu os estudantes e famílias, “atuando conforme as premissas do Regimento Escolar”.
“O Colégio reforça que, em caso de cyberbullying ou uso inadequado e desrespeitoso de dispositivos particulares dos estudantes em ambientes digitais, atua em conformidade com o Regimento Escolar e adota medidas disciplinares. Além disso, é monitorado o acesso dos estudantes a sites, páginas ou qualquer conteúdo da internet nos computadores e equipamentos do Colégio durante a permanência no interior da escola”, completou em nota.
A instituição ainda reforçou o desenvolvimento de “iniciativas para proporcionar um ambiente de relacionamento e convivência ética, tendo como foco a promoção da Cultura da Paz e prevenção da violência no ambiente escolar”, pontuou a unidade que também oferece espaços privados e coletivos de mediação de conflitos.
A Polícia Civil informou que remeteu à Justiça o procedimento de apuração do ato infracional caracterizado como pornografia infantil. A instituição não deu mais detalhes sobre a investigação.
O uso de tecnologias para criar fotos, áudios e vídeos que simulam a imagem, voz e ação de pessoas foi batizado de deepfake por especialistas. Com o aprimoramento dos serviços de inteligência artificial, a produção destes conteúdos tem se multiplicado pela internet. Diversos vídeos publicados nas plataformas digitais mostram a aplicação do rosto de uma pessoa no corpo de outra e o uso das vozes de pessoas conhecidas reproduzindo falas não ditas por elas.
Nesta segunda-feira (6), o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) apresentou um projeto de lei na Câmara dos Deputados com o objetivo de tipificar o crime de “pornô fake”.
O texto pede para caracterizar como delito “a criação, divulgação e comercialização de imagem de nudez ou de cunho sexual não autorizada, gerada por softwares e inteligência artificial (AI)”.