Dor sexual pós-parto atinge mais de 80% das mulheres no puerpério; saiba mais

Mulheres relatam desconforto causado por lacerações e ressecamento nas áreas íntimas

A retomada da vida sexual após o parto é um desafio para muitas mulheres, devido ao cansaço, à insatisfação com o corpo e à diminuição da libido. A dor durante a relação sexual também dificulta esse processo, estando relacionada à diminuição da lubrificação da região íntima e a lesões causadas no parto.

A Dispareunia, como é chamada, afeta cerca de 85% das mulheres no puerpério — período de 45 a 60 dias após o parto — de acordo com um estudo realizado pela Revista Brasileira de Sexualidade Humana.

Durante a gestação, ocorrem diversas mudanças hormonais no organismo, que alteram o equilíbrio da flora vaginal. Por isso, é comum que haja o ressecamento da região íntima. A prolactina — hormônio responsável pela produção do leite materno — está associada a essa redução da lubrificação.

A progesterona, por sua vez, tem um papel importante na manutenção da gravidez, também podendo influenciar o corpo após o parto, contribuindo para outras alterações hormonais que afetam a função sexual.

Pouco após o nascimento de sua filha, a influenciadora digital Viih Tube compartilhou com seus seguidores as dificuldades em retomar a vida sexual por conta de dores.

Na ocasião, ela comparou a experiência à sensação de perder a virgindade – “A diferença é que não sangrou. Mas é a sensação de estar abrindo um espaço, é como se estivesse alargando um osso. Eu senti isso. Doeu um pouco sim”, relatou.

Assim como a influenciadora, boa parte das mulheres passam pela mesma situação após darem à luz. Para Cinthia Simão, fisioterapeuta pélvica e obstétrica, os efeitos vão muito além da parte física, e afetam a saúde mental feminina – “O sentimento de culpa costuma surgir pelas demandas já existentes do puerpério, e também pela pressão social para que as mulheres reafirmem seu papel como esposas, e não apenas como mães”, explica.

No caso de Viih Tube, o desejo sexual voltou 60 dias após o nascimento da pequena Lua. O apoio e o respeito do marido foram fundamentais para que ela não se sentisse pressionada a tomar sua decisão, permitindo que ela respeitasse o tempo de resguardo necessário.

“A prevenção da dor sexual pós-parto começa ainda durante a gestação, com a prática de técnicas como a massagem perineal, para melhorar a flexibilidade da musculatura, e exercícios para fortalecer essa área. Essas práticas contribuem para um pós-parto mais tranquilo, com menor risco de complicações”, destaca Simão.

O tratamento varia conforme as necessidades de cada paciente, e pode envolver massagens terapêuticas, técnicas de liberação miofascial, exercícios de relaxamento e alongamento, além do alívio de dores com uso de laser e vibração terapêutica. As condutas devem ser individualizadas para cada caso.

No entanto, a fisioterapeuta faz algumas orientações gerais que podem ajudar a aliviar os desconfortos – “O uso de compressas geladas proporciona alívio para a dor imediata ao pós-parto e reduz o inchaço nas áreas afetadas. É importante também manter uma dieta equilibrada, rica em fibras, e garantir uma hidratação adequada para o bom funcionamento do sistema digestivo, pois a prisão de ventre pode agravar a dor”, finaliza.

Essas medidas simples, quando associadas ao acompanhamento profissional, podem ajudar a tornar o período pós-parto mais confortável e menos doloroso.

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