Dia do Orgulho LGBT: especialista alerta mulheres trans sobre acompanhamento
Cirurgião uro-oncologista destaca que, no caso das mulheres trans, cujo aparelho reprodutor é, biologicamente, masculino, a ida ao urologista anualmente é essencial
O Dia Internacional do Orgulho LGBT, nesta sexta-feira (28) acende o alerta para a importância de consultas especializadas ao público que se identifica como transgênero – tanto homens quanto mulheres.
O presidente da seccional amazonense da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), cirurgião uro-oncologista Giuseppe Figliuolo, destaca que, no caso das mulheres trans, cujo aparelho reprodutor é, biologicamente, masculino, a ida ao urologista anualmente é essencial.
“Isso porque, elas podem apresentar alterações, tais como as que acometem a próstata, necessitando de uma abordagem mais específica. A partir dos 40, 45 anos, a próstata tende a aumentar de tamanho, e os riscos para o câncer se tornam mais latentes. Por isso, é preciso atenção redobrada”, explicou Figliuolo.
“O urologista é, na maioria das vezes, visto como o médico dos homens, assim como o ginecologista é tratado como médico do sexo feminino. Mas, a verdade, é que o urologista atende ambos os sexos. E, no caso específico das mulheres trans, cabe o alerta: a visita ao urologista deve ser mantida, já que elas nasceram com o sistema genital /reprodutor masculino. Ou seja, biologicamente, elas correm os mesmos riscos de desenvolver o câncer de próstata que um homem cisgênero”, completou.
O mesmo serve para as que se submeteram à cirurgia de afirmação de gênero, que pode envolver a criação de um novo órgão genital e a eliminação de órgãos acessórios, como testículos. Apesar de ser possível removê-los, a próstata continua lá, e pode, em algum momento, apresentar alterações que são tratadas, de forma especializada, pelo urologista.
Figliuolo também ressalta a importância da orientação quando ao sexo seguro e o uso de hormônios e reforça a importância de se ter um ou mais especialistas acompanhando o processo, uma vez que a transição de gênero, geralmente, requer abordagem multidisciplinar, que inclui, além de médicos, psicólogo, entre outros.
“Precisamos entender que a saúde é um direito de todos e existe a necessidade de esclarecer as particularidades de cada grupo, de modo a garantir um atendimento adequado e desmistificado. Por isso, reforço que toda mulher trans deve buscar um urologista de sua confiança, assim como os homens trans precisam estar em contato com um ginecologista de sua confiança”, frisou o especialista.