China vive nova onda de infecções de covid-19, e cidades ficam esvaziadas

Em Xangai, o distrito histórico de Bund e o centro da cidade estão praticamente desertos à medida que cresce o número de casos de covid-19 no centro financeiro chinês. Em outras partes dos países, milhões de pessoas estão em casa para evitar a infecção após Pequim ter retirado as medidas de controle da pandemia, a chamada política de “covid zero”.

Assim como na capital Pequim, os hospitais e clínicas médicas de Xangai estão lotados de pacientes em busca de tratamento, já que as farmácias estão sem ibuprofeno e Lianhua Qingwen, um popular medicamento anti-inflamatório.

“Há 40 pacientes agora”, disse um funcionário de um hospital público de Xangai. “Estamos abertos 24 horas por dia para podermos lidar com o crescente número de pacientes”.

Em Pequim, uma análise de big data do buscador local Baidu descobriu que até 78% da população da capital contraiu o vírus. Há relatos de crematórios cheios na capital chinesa, porém como ainda não há mortes oficiais pela covid-19, é difícil aferir se as fatalidades foram causadas pela doença.

A taxa de infecção em Xangai parece ser consideravelmente menor do que em Pequim, mas isso não impediu que alguns dos 25 milhões de residentes da cidade se reunissem em hospitais sobrecarregados para estocar remédios.

“É ridículo”, disse um médico de uma clínica particular, acrescentando que quase metade dos 50 pacientes que ele atendeu na quarta-feira não apresentavam sintomas de vírus, mas ainda assim pediam remédios. “Não posso mandá-los embora porque as pessoas estão preocupadas.”

Algumas previsões alertam que cerca de 3 milhões de pessoas podem morrer se a China abandonar totalmente as medidas de restrição devido a uma população idosa com baixa taxa de vacinação.

Na sexta-feira, Pequim ordenou que os governos locais aumentassem o fornecimento de kits de teste e tratamentos médicos para a covid-19 antes de um aumento nas viagens nacionais durante os feriados do Ano Novo Lunar do mês que vem.

A pressa para oferecer tratamentos para a população ocorre dias depois que a agência nacional de saúde da China desistiu de relatar casos assintomáticos, em um momento em que a variante ômicron varre o país.

Pequim disse recentemente que abandonaria a obrigatoriedade de testes PCR e introduziu regras que proíbem lockdowns em grande escala.

Apesar da reabertura, as mudanças provocaram temores sobre um aumento desenfreado das infecções, inclusive em Xangai, onde a maioria das escolas voltou às aulas online nesta semana – refletindo as cenas do início deste ano, quando os residentes da cidade sofreram com um lockdown de dois meses.

A Embaixada dos EUA informou nesta semana que os serviços consulares foram reduzidos devido aos impactos operacionais causados pelo surto de infecções em todo o país.

“A mudança de política veio sem aviso, deixando-nos despreparados”, disse uma mulher de Xangai que agora compra mantimentos online para reduzir o risco de infecção.

Os shoppings de Xangai estavam quase desertos nesta sexta-feira, uma cena rara durante a temporada de férias, já que as fracas vendas no varejo de novembro praticamente confirmam que a segunda maior economia do mundo terá o crescimento anual mais lento em décadas.

“Quase não recebi nenhum cliente hoje”, disse um varejista de cosméticos no shopping. “Mas houve algumas compras online.”

Nesta semana, um diretor da Organização Mundial da Saúde disse que os casos já estavam aumentando em todo o país antes da decisão de acabar com a política de “covid zero”.

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