Brasileiros já gastaram mais de R$ 54,5 bilhões em alimentação fora do lar
O levantamento revelou o panorama de desafios e oportunidades para o setor de ‘Fast food’ no Brasil
Um levantamento revelou o panorama de desafios e oportunidades para o setor de ‘Fast food’ no Brasil. No terceiro trimestre de 2024, o gasto total do setor atingiu R$ 54,5 bilhões, mantendo-se estável em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o tráfego apresentou queda de 4%, totalizando três bilhões de visitas. O ticket médio, no entanto, apresentou crescimento de 5% em comparação com o terceiro trimestre de 2023, alcançando R$ 18,12.
O relatório aponta que os últimos 18 meses foram marcados por um potencial de gasto reprimido, reflexo das oscilações no tráfego. Esse comportamento teve maior impacto no ticket médio, que atingiu o menor nível dos últimos doze meses, evidenciando um padrão sazonal.
“Apesar das dificuldades, o setor de foodservice mostra uma tendência de crescimento gradual, mas o consumo adverso e a falta de dinamismo no tráfego continuam a ser uma barreira significativa para a expansão do mercado”, destaca Ingrid Devisate, vice-presidente executiva do Instituto Foodservice Brasil (IFB).
Fast food
O segmento de fast food continua sendo um dos pilares do tráfego no setor, com destaque para lanchonetes e padarias, que representam 27% das transações. Os canais off-premise, especialmente o delivery, mostraram crescimento, enquanto os estabelecimentos on-premise enfrentaram quedas acentuadas. O comportamento reflete uma mudança nas preferências dos consumidores, que agora buscam cada vez mais conveniência e opções práticas para as suas refeições.
O estudo CREST revela ainda que o horário de almoço e o período noturno registraram crescimento, mas o tráfego da tarde sofreu impacto significativo.
Todas as classes sociais registraram queda no tráfego durante o terceiro trimestre de 2024, com destaque para as classes com maior disponibilidade de renda. Mesmo assim, a Classe A, embora menor do que em 2023, conseguiu sustentar o crescimento ao longo do tempo, enquanto a Classe C parece estar operando em um “teto de performance”, impondo um desafio estrutural para o crescimento do setor de foodservice.
Desafios e oportunidades
O estudo destacou também os desafios enfrentados pelos operadores independentes, particularmente no segmento de fast food, que teve a pior performance no acumulado dos nove meses de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023. A análise do IFB identifica que os estabelecimentos independentes, que representam 49% do tráfego, são caracterizados por uma estrutura menos sólida, ficando mais vulneráveis a oscilações econômicas e pressões sobre preços.
“A perda de participação de mercado dos independentes de fast food e do full service sinaliza uma tendência de concentração gradual no setor, favorecendo redes maiores e estabelecimentos com maior capacidade de investir em diferenciais competitivos”, avalia Devisate.
As lanchonetes contabilizaram redução de 68 milhões de tickets em relação ao trimestre do ano anterior, e as padarias apresentaram 212 milhões de transações a menos em comparação a 2023, reforçando a necessidade de inovação para esses segmentos.
O relatório do IFB também explora os fatores que impulsionam a escolha do consumidor. O hábito e o preço são fundamentais para a atração e retenção dos clientes, especialmente em um ambiente econômico desafiador.
“Contudo, a percepção de valor tem se deteriorado, com um número crescente de consumidores insatisfeitos com o custo-benefício das transações. Metade dos consumidores demonstrou satisfação abaixo da média em relação à percepção de valorização da compra, o que abre espaço para ajustes estratégicos no posicionamento de preços e promoções”, explica Ingrid Devisate.
A competitividade do preço, um dos principais fatores de escolha, perdeu força nos últimos trimestres, deixando espaço para que o setor trabalhe esse atributo como um diferencial competitivo.