VEJA VÍDEO: Conheça o peixe abissal ‘assustador’ que causou histeria na web

Visão de animal das profundezas na superfície trouxe diversas teorias da conspiração a tona; especialistas explicam

Cientistas avistaram e registraram pela primeira vez na história um peixe abissal da espécie Melanocetus Johnsonii, popularmente conhecido como peixe-diabo-negro, na superfície de Tenerife, no México. Esse tipo de animal, encontrado em todos os oceanos da Terra, vive na profundeza dos mares, entre 200 e 2 mil metros ao fundo.

A cena, considerada histórica, foi registrada por pesquisadores da ONG Condrik Tenerife, na Espanha. O avistamento, a apenas dois quilômetros da costa de Tenerife, ocorreu em 26 de janeiro, enquanto a expedição retornava ao porto após uma jornada de pesquisas sobre tubarões.

Sua presença em águas mais rasas causou todo tipo de especulação na web. “O vídeo desse peixe me deu uma sensação horrível de que algo muito ruim está para acontecer”, comentou um seguidor, “Concordo, se ele subiu de lá de baixo deve estar acontecendo algo ruim no habitat dele”, concordou outra. “Ele dá medo”.

Logo, diversos vídeos do animal começaram a viralizar com teorias conspiratórias, e o abalo sísmico no Caribe neste domingo, 9, também localizado no México, fez com que o assunto voltasse a repercutir. Porém, apesar da coincidência, especialistas explicam que a atitude do peixe tem mais a ver com um costume comportamental do que um mau presságio ou “fuga do perigo”.

“Provavelmente o animal estava doente para subir tanto assim”, conta Pedro Henrique Tunes, biólogo e mestre em zoologia pela UFMG, em uma thread no X (antigo Twitter). “Sempre existem boatos de que peixes abissais na superfície são sinal de tsunami, mas isso é um mito, não há evidências”, complementa.

Pedro explica que não se sabe ao certo o que leva animais deste tipo a subirem para a superfície, mas que alguma doença pode ter deixado o animal desorientado. Além disso, muitos peixes abissais fazem a “migração vertical”, indo para águas rasas de dia e voltando ao fundo de noite.

Este não é o caso do Melanocetus johnsonii (peixe-diabo-negro). Ele geralmente permanece nas regiões mais profundas do oceano. Diferente de algumas espécies mesopelágicas que sobem à superfície à noite para se alimentar, o Melanocetus johnsonii permanece nas águas profundas, onde caça presas utilizando sua bioluminescência para atraí-las.

O biólogo ainda acrescenta que a espécie do vídeo é fêmea, por possuir bioluminescência. “Os machos são parasitas e dependem do nutriente que as fêmeas consomem”

Em anúncio recente, o museu de Tenerife afirmou que a fêmea já faleceu e foi coletada como amostra para o Museu de Natureza e Arqueologia (MUNA) em Santa Cruz de Tenerife.

Mais sobre a zona abissal

A zona abissal é a região mais profunda dos oceanos, onde não há luz solar. Esse ambiente, situado abaixo de 2 mil metros de profundidade, cobre cerca de 60% da superfície da Terra e abriga uma grande diversidade de organismos adaptados a condições extremas.

As espécies que vivem nessa região desenvolveram estratégias para lidar com a escuridão, as baixas temperaturas e a escassez de alimento. Muitas apresentam bioluminescência, produzindo luz no próprio corpo para atrair presas e parceiros. O gênero Kryptophanaron, por exemplo, possui uma cavidade sob os olhos que emite luz, enquanto o Pachystomias (peixe-dragão) apresenta células fosforescentes ao longo do corpo.

A reprodução também envolve adaptações específicas. Algumas espécies, como o Gonostoma gracile, alternam entre os sexos ao longo da vida, enquanto os Paralepidídeos são hermafroditas e podem se autofecundar.

A alimentação é outro desafio. Como o suprimento de comida é limitado, muitos peixes abissais possuem bocas e estômagos grandes o suficiente para engolir presas maiores que eles, garantindo reservas de energia por longos períodos. Essas adaptações resultam em aparências peculiares, muitas vezes descritas como incomuns ou até assustadoras.

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