Cerca de 20% dos profissionais estão fazendo uso de medicação psicofarmacológica

Pesquisa mapeou diagnósticos médicos, cobrança por produtividade, ações em prol da saúde mental dos colaboradores e assédio moral

Pesquisa mapeou que 18,2% de um grupo de 387 líderes do Brasil e 21,43% de um total de 387 liderados do País têm feito uso de alguma medicação psicofarmacológica para aliviar sintomas de ansiedade, dormir melhor e/ou aumentar a produtividade, entre outros motivos. A 5ª edição da Pesquisa Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho mapeou, ainda, que mais de 40% dos profissionais têm enfrentado problemas com saúde mental, entre os quais estão os que receberam diagnóstico médico de estresse, burnout ou ansiedade, além daqueles que não passaram por avaliação clínica, mas se sentem emocionalmente abalados.

A 5ª edição da Pesquisa Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho ouviu 387 líderes e 387 liderados de diferentes regiões do Brasil, com idade igual ou superior a 25 anos e formação superior completa. O mapeamento, realizado entre os dias 16 de julho e 16 de agosto de 2024, destacou outros dados que merecem atenção das empresas no quesito gestão de pessoas:

  • 50,30% dos liderados acreditam que a própria saúde mental é negativamente impactada pela maneira como a cobrança por produtividade acontece na empresa em que trabalham;
  • 64,57% dos líderes afirmam que discutem questões de saúde mental com seus liderados com frequência ou ocasionalmente, mas 71,13% dos liderados declaram que essas conversas acontecem nunca ou raramente;
  • 50,97% dos líderes disseram que a empresa em que atuam não dispõe de ação ou recurso para apoiar a saúde mental no local de trabalho, com uma parcela desse grupo (32,52%) indicando que não há expectativa de que isso aconteça até o final de 2025;
  • 18,20% dos líderes admitiram já ter praticado assédio moral, com ou sem intenção, enquanto 35,12% dos liderados entrevistados disseram que já se sentiram moralmente assediados.

“Ano após ano nós conseguimos observar como a saúde mental tem sido cada vez mais levada a sério nas empresas. Mas a pesquisa ainda surpreende por mostrar que metade delas não dispõe de recursos estruturados para lidar com o tema. Precisamos entender que saúde mental não é apenas uma responsabilidade individual, mas é algo que emerge de todo o ecossistema de trabalho. O cuidado com pessoas deve ser uma questão de cultura, não apenas de esforços isolados. É difícil atingir isso sem que haja um projeto contínuo e estruturado de promoção à saúde mental”, explica Guilherme Spadini, psiquiatra, professor e head de psicoterapia na The School of Life.

“Costumo dizer que pessoas em posições de gestão não precisam agir como terapeutas, porém devem se portar como líderes. Olhar com atenção para o time, reservando momentos na agenda para a gestão das pessoas é fundamental. Além disso, é preciso oferecer abertura para conversar, apoiar e encontrar, em uma via de mão dupla, estratégias para lidar com os desafios profissionais de maneira mais equilibrada e saudável”, ressalta Maria Sartori, diretora associada da Robert Half.

Confira a pesquisa:

Você faz uso de alguma medicação psicofarmacológica? (Múltipla escolha)

  • Não faço uso de medicação psicofarmacológica – Líderes 81,80% / Liderados 78,57%
  • Sim, para aliviar sintomas de ansiedade – Líderes: 11,17% / Liderados: 17,56%
  • Sim, para dormir melhor – Líderes: 6,80% / Liderados: 8,63%
  • Sim, por outro motivo – Líderes: 2,91% / Liderados: 3,87%
  • Sim, para aumentar a produtividade – Líderes: 1,94% / Liderados: 2,08%

No último ano, você recebeu diagnóstico médico de estresse, ansiedade ou burnout? (Múltipla escolha)

Não recebi diagnóstico médico e sinto que estou emocionalmente bem – Líderes: 61,95%Liderados: 53,57%

Não recebi diagnóstico médico, mas me sinto emocionalmente abalado(a) – Líderes: 16,34% / Liderados: 21,43%

Sim, recebi diagnóstico de ansiedade – Líderes: 13,17% / Liderados: 19,94%

Sim, recebi diagnóstico de estresse – Líderes: 10,49% / Liderados: 10,71%

Sim, recebi diagnóstico de burnout – Líderes: 5,12% / Liderados: 4,17%

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