Jovens ‘nem-nem’ poderiam impulsionar R$ 159,6 bilhões na economia brasileira
Inclusão de 4,6 milhões de jovens que não trabalham nem procuram emprego causam impactos econômicos
A inclusão dos 4,6 milhões de jovens entre 14 e 24 anos que não trabalham nem procuram emprego poderia aumentar a economia brasileira em aproximadamente R$ 159,6 bilhões por ano, segundo levantamento do R7. Renan Pieri, professor de economia da FGV EAESP, explicou que a entrada dos jovens nem-nem no mercado de trabalho teria impactos econômicos positivos a médio e longo prazo.
“Primeiramente, haverá um aumento da massa salarial e do volume de recursos circulando, especialmente em famílias de renda mais baixa. Isso potencializa o consumo, gera demanda por produtos e serviços e, pelo efeito multiplicador da economia, acaba aumentando o PIB”, afirmou.
O economista ainda explicou que a inclusão desses jovens no mercado de trabalho permite a redução de gastos com transferências sociais, que fazem parte da nossa rede de Seguridade Social. Além disso, ao incluir mais pessoas no mercado de trabalho, há melhorias em outros indicadores sociais, como a diminuição da violência e da desigualdade.
“No entanto, a inclusão produtiva enfrenta dificuldades, pois os setores econômicos e as ocupações são segmentados. Isso significa que não é possível simplesmente inserir esses jovens em diversas ocupações do mercado de trabalho, como no setor industrial, onde algumas ocupações demandam qualificações específicas.”
Em relação ao mesmo trimestre de 2023, quando havia 4,8 milhões de jovens nessa condição, houve uma redução de 0,95% de acordo com um levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego.
Com base nas informações da PNAD Contínua do IBGE, o levantamento mostra que a taxa de participação dos jovens no mercado de trabalho ainda não retornou ao patamar de 2019, quando era de 52,7% no primeiro trimestre daquele ano.
Ocupação e Desocupação
Cerca de 17% da população brasileira é composta por jovens entre 14 e 24 anos, totalizando 34 milhões de pessoas. Deste total, 14 milhões estavam ocupados no primeiro trimestre deste ano. Entre os jovens ocupados, 45% estavam na informalidade, representando 6,3 milhões de indivíduos. Segundo Paula Montagner, essa porcentagem é maior do que a média nacional, atualmente em 40%.
“A informalidade se deve ao fato de que os jovens trabalham predominantemente em micro e pequenas empresas. Eles entram no mercado de trabalho muito cedo, geralmente não como aprendizes, e frequentemente sem uma contratação formalizada. Quase sempre, eles trabalham como assalariados sem carteira assinada, pois os empregadores muitas vezes hesitam em formalizá-los, incertos se os jovens desempenharão bem suas funções ou se gostarão do emprego. Então, os empregadores aguardam um pouco mais antes de formalizá-los”, explicou Montagner.
Os jovens que apenas estudam somam 11,6 milhões, e o número de desocupados nessa faixa etária chegou a 3,2 milhões em 2024.